NA PROVÍNCIA DE TETE

Reaberta a ponte Samora Machel

Constantino Novela
Uma das importantes pontes que possibilita o comércio e a circulação de pessoas da província de Tete do resto do país, já está em funcionamento, depois de dois anos de trabalhos de reabilitação.
O vice-ministro das Obras Públicas e Habitação, Francisco Pereira, disse numa conferência de imprensa na semana passada, que a reabertura da ponte Samora Machel, põe fim a um longo período de espera para atravessar o rio Zambeze para a província de Tete.
A ponte Samora Machel está sobre o rio Zambeze na província de Tete. Voltou a funcionar depois de cerca de dois anos de reabilitação. Segundo o relatório do Ministério das Obras Públicas e Habitações apresentado semana passada, as obras de reabilitação daquela importante infra-estrutura que liga a Província de Tete das restantes províncias do país iniciaram no dia 1 de Março de 2009 sendo que o empreiteiro só finalizou-as a 13 de Janeiro do corrente ano, ultrapassando desta feita, as datas estipuladas no contrato.
Encarregues a empresa de construção civil Teixeira Duarte, as obras de reabilitação da ponte Samora Machel sobre o rio Zambeze custaram cerca de 733 milhões de meticais e tiveram como consultor e fiscal a GRID.
Segundo Francisco Pereira , das grandes intervenções de reabilitação naquela ponte que vai impulsionar ainda mais o comercio e possibilitar e a travessia de mercadoria e pessoas destaca-se a reparação de todos os elementos de betão e metálico, a montagem de 72 unidades de estruturas metálicas para o reforço e a substituição das restantes 1152 unidades de aparelhos de apoio, a substituição de 284 cabos pendurais e suas ancoragens, de 72 juntas de expansão de 10,5 metros de comprimento.
Ainda nos trabalhos de reabilitação daquela ponte foram reparados os cabos de rigidez e de expansão, a reposição do perfil correcto do tabuleiro da ponte por meio de correcção de níveis, a pintura e ainda a aquisição de novos carros de inspecção.
Como nos fez saber o Vice-Ministro das Obras Públicas e Habitação , pela resistência da estrutura que compõe aquela ponte, prevê-se 50 anos de vida útil e neste momento circulam em media cerca de 800 camiões por dia.
Falando a imprensa o Vice-Ministro das Obras Públicas e Habitação, Francisco Pereira , disse que apesar de não terem ainda feiro os últimos retoques de acabamento tais como a pintura, carros de inspecção e os trabalhos gerais, todos o s trabalhos estruturais já foram concluídos, até porque no dia 29 de Janeiro abriu-se a ponte ao tráfego sem restrições. Contudo, por ser uma obra de reabilitação e como boa pratica de engenharia pretendeu-se fazer um monitoramento do comportamento do mesmo ao se abrir sem restrições o tráfego ligeiro nos dois sentidos e para os pesados apenas um único sendo que no dia seguinte, depois dos detalhes da inspecção, abriu se os dois sentidos para os ligeiros e pesados de 48 toneladas.
“O tráfego pesado foi limitado a veículos de 6 eixos de 48 toneladas, contudo, após o período de experiência pretendemos num futuro próximo subir a limitação a veículos de 7 eixos com 56 toneladas usados nos países da África Austral” esclareceu Francisco Pereira para em seguida referir que para melhor fazer a experiência, seria vantajoso ter filas de camiões pesados a passar na para o teste de carga, com o objectivo de se monitorar com cargas elevadas o comportamento estrutural da mesma.
“Lamentamos a insuficiência de camiões para esse fim” confessou a nossa fonte que depois disse que em coordenação com as autoridades da província propõe-se fechar o tráfego pesado num determinado período, por forma a acumular veículos de 48 toneladas que possibilitará fazer o referido teste de carga.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

TRANSFERÊNCIA DE QUADROS DO GOVERNO PROVINCIAL DE MAPUTO


TRANSFERÊNCIA DE QUADROS DO GOVERNO PROVINCIAL DE MAPUTO
Algumas decisões do Governo central fragilizam Maria Jonas
  

Bernardo Álvaro e Constantino Novela

O descontentamento de um grupo de directores provinciais contra a pessoa da governadora da província de Maputo, Maria Jonas, acontece porque segundo apurámos, alguns deles foram comunicados pelos seus ministros da necessidade de cessarem funções.
Na verdade, segundo fontes do Governo Provincial de Maputo, alguns directores provinciais acabam de ser informados da medida, e que dentro de dias vão abandonar os cargos de regresso aos respectivos ministérios onde vão ocupar outros postos.
“A decisão já foi tomada e é irreversível e dentro de dias eles cessam as funções, não por se demitirem em bloco, mas sim porque uns foram chamados a assumirem outras tarefas, e outros vão deixar os cargos por decisão dos ministros, e outros ainda por terem atingido o tempo-limite ao serviço do Aparelho do Estado e querem descansar por vontade própria”, disseram as nossas fontes.
De acordo com as mesmas fontes, após a comunicação os mesmos directores continuam em funções a aguardarem a sua substituição.
“Só que essa comunicação agitou alguns que agora estão a dar a entender que foram corridos ou estão a sair por não concordarem com a governadora”, disseram as mesmas fontes.
“Ninguém se demitiu. A verdade é que alguns directores vão cessar de funções por necessidade dos próprios ministérios. E como eles já foram avisados pelos respectivos ministros da decisão estão a querer deixar a imagem de descontentamento geral, o que não espelha a realidade”, disse uma das fontes também do Governo, acrescentando “que a decisão é infalível e eles sabem que daqui a alguns dias vão embora da província para assumirem outras funções a que forem chamados”.

Governo nega existência de descontentamento
Entretanto, o director provincial da Mulher e Acção Social e igualmente porta-voz do Governo da província de Maputo, Agostinho Pessene, negou numa entrevista que concedeu em exclusivo ao ZAMBEZE as supostas demissões em bloco dos directores provinciais que alegadamente estariam eminentes.
“Estamos todos a trabalhar e alguns colegas estão de férias. Não há nada que parou e desconhecemos qualquer arrogância que tenha sido praticada pela governadora contra algum membro do Governo”, explicou Pessene, admitindo contudo a possibilidade de existir alguém que por motivos pessoais não gosta da governadora.
“Pode haver alguém como pessoa que não goste da governadora e não na relação de chefe para subordinado”, afirmou. 
Sobre as especulações que correm na imprensa tendo como base os bastidores do Governo da Província de Maputo, segundo as quais o relacionamento entre a governadora e seus directos colaboradores, no caso os directores provinciais, não é dos melhores, devido alegadamente a arrogância de Maria Jonas, o mesmo porta-voz preferiu dizer que “não sei”.

Vingar e chantagear a governadora para ter medo
Na verdade, segundo outras fontes, algumas pessoas dentro do executivo provincial procuram “desestabilizar” a governadora devido ao braço-de- ferro que ela impõe sobre certos aspectos a que “estavam habituados”.
“Por exemplo, na última presidência aberta do Presidente da República, Armando Guebuza, à província de Maputo, alguns desses responsáveis que se dizem descontentes foram apresentar à governadora um orçamento de mais de 12 milhões de meticais, alegadamente para custear as despesas da visita, incluindo uma recepção que estava orçada em mais de 2 milhões de meticais”, informou-nos uma fonte que pediu discrição, afirmando que “todo o orçamento tinha sido feito a base de esquemas de corrupção que incluiam comissões”.

Trapaças e esquemas de corrupção desmascarados
A mesma fonte adiantou que havia esquemas traçados que no final da visita beneficiariam alguns directores.
“Mas depois da senhora governadora pegar no orçamento para o analisar fez cortes que situaram o orçamento para a visita em quase 2 milhões de meticais. A visita correu bem e as despesas que estavam previstas, como recepção, aluguer em rent-a-car foram cobertas, o que significa que os 12 milhões se destinavam a alguns bolsos”, disse a fonte.
A mesma fonte do Governo provincial adiantou que “a partir daí começou a guerra e o alegado descontentamento contra a governadora, acusando-a de arrogante por ter inviabilizado os seus planos”.

Intrigas pessoais
Na entrevista à nossa reportagem o porta-voz Agostinho Pessene reconheceu que como qualquer outra instituição ou grupo constituído por várias pessoas não faltam divergências de opinião e pontos de vista, sobretudo entre um chefe e seus subalternos.
“O Governo da Província de Maputo também não pode fugir à regra”, disse Pessene.
Na verdade, como Pessene nos fez saber, as divergências de opinião e inimizades no Governo da Província de Maputo, principalmente entre os directores provinciais e a governadora, podem existir no circuito pessoal e não de governadora para directores.
“Pode haver divergências e inimizades fora das funções que cada um ocupa. Cada um tem o que deve fazer dentro daquilo que está no plano do seu ministério e do Governo da província”, disse o director provincial da Mulher e Acção Social.
“Pode ser que exista um relacionamento turvo de pessoa para pessoa, mas de chefe para subordinado eu não vejo nenhum problema, porém, sabe-se que no ambiente de trabalho em equipa há sempre diferenças de opinião mas que são sanadas, dado que nós temos um espaço para discutir os nossos problemas”, admitiu Pessene, acrescentando que “qualquer desavença ou divergência de opinião é discutida nas nossas sessões”.
Ele admitiu também ser normal uma pessoa gostar ou não do seu chefe, afirmando contudo que isso não tem importância porque as pessoas estão a trabalhar e cada um conhece o seu lugar.
Serve de referência dizer que o facto de algumas pessoas não gostarem do seu chefe contribui sobremaneira para que o relacionamento profissional seja também turvo, tornando difícil separar o ambiente de trabalho e as inimizades pessoais.
Mesmo admitindo a possibilidade de alguns não gostarem da governadora, Pessene disse que o trabalho está a andar, argumentando que no dia da tomada de posse cada um fez o juramento de bem servir.
“Estamos todos a trabalhar num bom ambiente. Estamos todos, incluindo a governadora, unidos, apesar das dificuldades materiais e financeiras”, disse Pessane.

De dinâmicos e fofoqueiros
Informações dos bastidores do Governo da Província de Maputo dão conta da existência de duas alas, uma daqueles que querem ganhar a confiança da governadora mostrando certo dinamismo e outra de “autênticos fofoqueiros, opositores das ideias e consequentemente rebeldes e chantagistas”.
É exactamente nesse contexto que correu na semana passada uma informação segundo a qual os directores provinciais tencionam se demitirem em bloco, o que o porta-voz do Governo da Província de Maputo desmente afirmando “não haver um movimento nesse sentido por parte dos directores provinciais”.
“Não faço ideia de ter havido um movimento que indicasse ou indica a intenção de os directores provinciais se demitirem em massa devido a uma alegada arrogância da governadora, apesar de eu ser novo aqui no Governo”, disse o porta-voz, afirmando que “a governadora está a tentar organizar uma equipa coesa de modo a tornar a província de Maputo exemplo de boa governação, objectivo de que todos nós comungamos sem nenhum problema”.
Entretanto, ao que sabemos, as agitações pessoais e que acontecem geralmente fora do ambiente de trabalho são depois transportadas para as sessões do Governo e debatidas como sendo informações sérias, o que gera confusão.
Sobre a alegada nomeação do irmão da governadora para director das Actividades Económicas do distrito da Moamba, a nossa reportagem apurou que o mesmo é funcionário do Ministério da Agricultura há bastante tempo, tem formação superior e trabalhava na província do Niassa como director distrital, tendo vindo a Maputo na sequência da transferência da sua esposa para o Governo da Província de Maputo.
“A sua colocação num dos distritos da província de Maputo tem a ver com o Ministério da Agricultura onde submeteu o seu pedido de transferência e não com a governadora da província”, disse-nos uma das fontes, classificando as informações como sendo “mentiras grosseiras e sem fundamento e que visam desgastar a imagem da governadora”.
No entanto, informações de fontes que solicitaram anonimato indicam que a directora provincial da Indústria e Comércio de Maputo já pediu para ir à reforma, não por descontentamento mas por ter atingido o tempo-limite de trabalho como funcionária do Estado.